quarta-feira, 19 de maio de 2010

Dando um alô!

Pra você que tem paciência e está aí do outro lado lendo isso, bom dia! Bem, era vez da JuuhLee postar, mas ela anda sumida e quase não para por aqui. Sinto-me na obrigação de deixar algo aqui pra manter acesso a chama do blog, pois muito tempo sem atualização ele vai caindo em desuso. Por enquanto deixo aqui um texto que ganhei em uma aula de português há uns dois anos e que mostra como uma palavra que pode ser tão comum pode nos significar tanto. Mesmo sendo diversas vezes repetidas, quando não fica fazendo uma falta, deixa a gente sempre a esperando. A importância das pessoas que a dizem e como isso é feito é que dá a elas esse grande valor. Sem mais delongas, o texto. Boa leitura e até qualquer hora. Um beijo.

" Te cuida
A gente sai de casa para ir numa festa ou para pegar a estrada, e antes que a porta atrás de nós se feche, ouvimos a voz deles, pai e mãe: te cuida. A recomendação sai no automático: tchau, te cuida. Um lembrete amoroso: te cuida, meu filho. A vida anda violenta, mas a gente não dá a mínima para este "te cuida" que a gente ouve desde o primeiro passeio do colégio, desde o primeiro banho de piscina na casa de amigos, desde a primeira vez que saímos a pé sozinhos. Pai e mãe são os reis do "te cuida", e a gente mal registra, tão acostumados estamos com estes que não fazem outra coisa a não ser querer nosso bem e nos amar para todo sempre, amém.]
No entanto, lembro da primeira vez em que estava apaixonada, me despedindo dentro do carro, entre beijos mais do que bons, com aquele que devia ser um moleque mas para mim era um homem, e um homem estranho, uma vez que não era pai, irmão, primo, amigo ou colega. Depois do último beijo, abri a porta do carro e, antes de sair, ouvi ele dizer com uma voz grave e sedutora: te cuida.
Me cuidarei, pode deixar. Me cuidarei para estar inteira amanhã de novo, para te ver de novo, te beijar de novo. Me cuidarei para me tocares com suavidade, para nunca encontrares um arranhão sobre a minha pele. E cuidarei do meu humor, dos meus cabelos, cuidarei para não perder a hora, cuidarei para não me apaixonar por outro, cuidarei para não te esquecer, vou me cuidar.
Me cuidarei ao atravessar a rua, me cuidarei para não pegar um resfriado, me cuidarei para não ficar doente. Me cuidarei, meu amor, enquanto estiver longe dos teus olhos, nos momentos em que você não pode cuidar de mim.
Fica a meu encargo voltar pra você do mesmo jeito que você me viu hoje. É de minha responsabilidade não ficar triste, não deixar ninguém me magoar, não deixar que nada de ruim me aconteça porque você me ama e não agüentaria. Claro que me cuido, nem precisava pedir.
Te cuida, dissera ele. E eu ouvi como se fosse um te amo.
Meses depois, terminado o namoro sem beijos de despedida, saio do carro trancando o choro, ainda que o rompimento tenha sido resolvido de comum acordo. Abro a porta e já estou com uma perna pra fora quando ouço, sem nenhuma aflição por mim, apenas consciência de que não teríamos mais notícias um do outro: te cuida. Me cuidei. Só chorei quando já estava dentro do elevador."
Martha Medeiros

Um comentário:

  1. Awn, me desculpa ): Mas amanhã mesmo sai um post quentinho, direto do forno.. haha Amei o texto, e já o conhecia. Eu acho tão legal, e tão lindo isso da gente se cudiar pro outro, apesar de ser meio egocentrica e me cuidar geralmente...só pra mim.

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